Iremos estar sempre destinados a ver a felicidade passar-nos ao lado?
A acreditarmos que as coisas boas só acontecem aos outros?
Confesso, estou lamechas porque estive a ver o filme "Becoming Jane" e o argumento causou-me insónias. Roda basicamente à volta do desespero de alguém, algo como se sentir em relação a outra pessoa a angústia de não encontrar uma solução para a manter na mesma equação.
Com isto acabei por navegar para muitos outros pensamentos divergentes e fiquei sem sono.
Penso se estaremos todos condenados ao estar quase bem, quase apaixonados, quase felizes, quase realizados, quase tudo. E se decidirmos afrontar esta tendência natural para a incompletude (ainda dizem que no final sempre tudo se completa), qual o verdadeiro preço a pagar?
Esta história dos princípios para com nós mesmos deixa-me sempre agitada. É mais fácil ter apenas princípios para com os outros.
Muitas vezes vejo as pessoas lutarem afincadamente por alguma coisa e quando chegam perto simplesmente diminuem o interesse. Obviamente isso faz os outros terem medo de investir, de confiar, de se deixar levar. Criam resistências mas mesmo assim acontece surgir um novo vírus e ficam fragilizadas “again”. E actuam assim indefinidamente umas em relação às outras pela vida toda (estou a falar na terceira pessoa mas também me sinto enquadrada nesta perspectiva). Ficamos todos na história do quase.
Desde cedo que nos ensinam a dar babysteps no caminho dos nossos sonhos, desejos e expectativas. Eu costumo sentir-me mais a dar grandes passadas em direcção ao abismo, com direito a vertigens* e tudo. Geralmente corre bem, e por mais que o chão trema nunca passo da berma do precipício (metáfora, descansem que não ando com ideias suicidas). Mas o medo é sempre tão grande, as pessoas e circunstâncias desiludem-nos sempre, acabam mais cedo ou mais tarde por fazer "mal" à alma. Por outro lado a tal história dos princípios pessoais não admite desistências, o caminho só tem um sentido, em frente.
Mas estar no meio destes dois lados não é basicamente uma situação de quase?
*vertigens - efeitos secundários derivados das resistências aos vírus. Surgem geralmente quando os anti-corpos descortinam semelhanças topológicas nos invasores face a males passados.
Atenção! Previna-se: Após alguns dias com este sintoma, se começar a sofrer de uma carência sem fim emergente é sinal que o vírus se alastrou. A partir daqui já não existem tratamentos até agora conhecidos e as consequências para o organismo são devastadoras.
1 comentário:
Pois é.... mais um erro... com os anos vais perceber que a vida não tem só um caminho, mas sim, uma grande encruzilhada e muitas vezes vais ter que te perder para poderes encontrar o caminho certo, eu mesma ainda ando às voltas, e mais não posso dizer ... (se não, ficas a saber tanto como eu....)Adoro-te minha doida
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