quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Asas...

Não sei onde, nem quando... mas perdi-as. Também não percebi como. Apenas sei que quando olhei, elas já não estavam lá. As minhas asas.
Acredito que quando nascemos somos dotados de um par de asas, que nos asseguram uma infância de promessas, brincadeiras ingénuas, crenças inabaláveis, confiança inesgotável.
À medida que crescemos, vamos compreendendo o nosso próprio tamanho e realizando a pequenez e fragilidade da nossa condição. Nem tudo acontece como esperávamos, porque os nossos pais nem sempre estão por perto para pintar em tons de rosa o nosso mundo, tal como o fizeram “com o nosso quarto”.
As pequenas brigas deixam de se resumir às bonecas, aos carrinhos ou aos jogos... passam a ser sérias discussões, iguais às que nos eram incompreensíveis no mundo dos adultos. Percebemos que nem todos querem saber. Que a amizade nem sempre é tão simples ou tão irresistivelmente natural. As relações humanas complicam-se à medida que se revestem de interesses e de precauções.
Porque uma das leis da vida é que aprendemos com ela. O processo de crescimento envolve, inevitavelmente, a perda dessas asas de fantasia e ilusão. E, com o desaparecer desse elemento alado, perdemos também o que de mais puro e genuíno há em nós e deixamos de ter acesso a esse mundo tão verdadeiro... o dos mais pequenos.
Olho-me ao espelho. Perdi a ingenuidade. Hoje sou mais desconfiada, sou mais bruta, demoro mais tempo a aproximar-me e a confiar nos outros, sou mais prática, mais óbvia, o meu olhar é mais perspicaz, as minhas relações mais selectas.
Acho que isso significa apenas uma coisa: cresci!
Mas há uma magia, muito particular, e um brilho que resta do dourado dessas asas, que algures perdi... Nas poucas, mas genuínas amizades que me tenho, sei que há espaço para essa menina ingénua, para essa confiança absoluta, para essa fé nos outros, para essa idealização e para essa verdadeira entrega.
Nesses momentos de prazer, com esses privilegiados "melhores amigos" (e que, sobretudo, me tornam a mim privilegiada) retorno ao meu mundo encantado e sou simplesmente eu... desnuda, sem máscaras, sem medos e sem preconceitos.
Apenas eu... uma menina morena, de olhos castanhos, asas brilhantes e sonhos do tamanho do mundo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Adeus...

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A vocês amigos...

Existem momentos em que tudo é mau, em que por mais que nos esforcemos não conseguimos a plenitude num qualquer objectivo.
Tudo pode ser tão linear, tão simples, mas é difícil encontrar o rumo certo, encontrar a luz, o caminho que nos conduz até ao limite do que pode ser a nossa realização!
Já me deram tanta coisa, já me ofereceram o que mais queria, uma banalidade, futilidade, uma recompensa, um momento, um carinho, uma palavra, um abraço, mas… alguém, houve alguém que me ofereceu uma coisa única, uma coisa que nunca ninguém foi capaz de comprar, é caro e difícil de encontrar, falo da vida, coisa única…
Perder tempo nesta corrida, esperar pelo que corre atrás de nós, dar a mão a pensar que depois nos compensam, não, isso não, e é melhor esquecer, seguir pela estrada, aumentar o ritmo, correr, fugir, fazer o que quiser, mas por ninguém que não me mereça nunca esperarei!
Só existem duas pessoas que têm o direito há minha mão, ao meu braço, a mim… os meus progenitores, são eles… foram eles que me enviaram, que me enviaram para ser feliz, para escalar montanhas e chegar bem alto, foram eles que me deram este sorriso, este sorriso que sempre os faz vibrar e aos olhos de muitos brilhar!
Tenho dentro de mim a felicidade, não devo esconder o que sou, sou feliz, tenho tudo, não preciso de mais, o mais aqui é irrelevante, trás tristeza e vontade de me derrubar, venha vento, uma tempestade, um maremoto, confio em mim e naqueles que gostam de mim e têm sempre uma mão onde me possa agarrar, se estiver a cair é a eles que me vou agarrar e sei que vão fazer com que pare de pensar, que elimine os maus pensamentos e siga meu caminho, tranquila, sozinha, mas feliz por estar nesta bolha, bolha mágica que me acolhe e que quando é para sorrir me escolhe!
Aproveito todos os momentos, instantes, e partilho-os com pessoas interessantes!
E essas pessoas interessantes são vocês…


Amigos de coração sempre aqui na palma da minha mão!


Não preciso mencionar nomes pois os verdadeiros amigos sabem que o são...