quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sou...

"I became insane,with long intervals of horrible sanity.." (Edgar Allan Poe)

Sou… Sou um pedaço de papel branco que posso distribuir às pessoas que de certo modo fazem parte de mim, cada uma de certa forma vai escrevendo um pedacinho daquilo que sou, posso ser também aquilo que o mundo quiser que seja, posso ser loira ou morena, ter amado um ou amado mil, posso voar ou rastejar, porque a essência é inalterável, fidedigna e única.
Sou apenas aquilo que muitos desejariam ser, sou miragem no deserto, sou anjo e demónio num corpo só!
Visto-me de freira e rezo pelos meus pecados, sou uma senhora na rua, uma menina nos sonhos, uma professora na sala de aula! Visto a pele de ovelha e a pele de lobo em simultâneo, sou bala perdida numa guerra que nem me pertence... sou ilusão para quem me deseja e jamais poderá ter, sou fogo que arde sem se ver e sou vítima de uma sociedade consumista e hipócrita!

"I never claimed to be a saint"..

Sou sem dúvida o ser mais autêntico que conheço, sou desprezível, sou irrealista, sou lunática e psicótica… Sou desejo embrulhado em papel de cetim... Sou lâmina afiada e pronta a cortar...Digo o que penso, não escondo o que sou, não vivo de mentiras, construo verdades nuas e cruas…
Não me iludo com vedetismos alheios nem com a pseudo fama...Não vivo de estereótipos e clichés, vivo de emoções e de autenticidade.
É impossível fingir que não passei na vida de alguém, deito as garras e deixo marcas, ensino valores que por muitos são esquecidos, filosofias de vida baratas que se encontram até fora da época de saldos...Esqueço rápido aquilo que não contribui para o meu crescimento pessoal...É difícil alguém marcar-me, sou demasiado sensível, quando gosto, entrego-me de corpo e alma...mas isso...é tão raro como nevar em Almada.
Filmes?
Ainda acredito que vou ser realizadora...afinal sempre foi um dos meus sonhos remotos. Não suporto quem se diz seguro e é tão inseguro que parece um cachorro à procura de dono, quem cria textos metódicos e nem sabe o que escreve, quem apela à verdade e mente à primeira oportunidade de ser feliz, quem faz dos ciúmes uma afirmação de direito de propriedade, quem se diz incapaz de ser de uma pessoa só e corre atrás da primeira que lhe dá com os pés, quem projecta nos outros as suas fraquezas, quem é hipócrita e intitula-se sábio, quem “come porcaria às colheres” e sonha com o Olimpo, quem devia ser humilde e no fundo apenas vive de meras fachadas... mas este meus caros... é o ser humano!
Ninguém é suficientemente forte para suportar a verdade e o que é genuíno! Ninguém é suficientemente forte que aguente viver de ilusões, ninguém é suficientemente forte para aguentar alguém como eu…Sim, é difícil até para mim, suportar tanta insanidade aliada a um carácter tão majestoso que tende a afastar os fracos de espírito.

"Quando não se tem carácter, é preciso recorrer a um método” Albert Camus

Por isso tornam-se meros espectros de um ciclo vicioso, desejando mais e mais e terminando como o velho lobo-do-mar. Inventam histórias e acreditam nelas, desprezam o dom que receberam à nascença e vulgarizam as palavras e os momentos. A magia perde-se…o tempo foge por entre os dedos… o corpo vai sendo comido por uma espécie de areia movediça que nada deixa escapar... e a felicidade? Ser incompleto e living in a empty space… é tão frustrante…Auto-elogios? Já criei barreiras que cheguem que me permitam elogiar aquilo que de melhor eu tenho, afinal de contas sou da mesma forma a minha maior crítica!
Ainda tenho muito que aprender e ensinar…muitos pontapés no cú para dar e levar.
As histórias que contamos às pessoas, são sempre a parte da história real…limitamo-nos a alterar alguns detalhes, acrescentar outros que no momento possam parecer adequados… a isso, chamo fraqueza...depois vem a negação. A verdade pela metade, as desculpas, os arrependimentos.
Eu? Eu vivo de sensações completas e não de meias "coisas"!
Eu? Já trai com sofisticação e com simplicidade, sempre apelando à língua como ferramenta… traí alguns dos meus princípios e a paixão perdoa isso tudo, é como a saga do Saw um dia acaba por terminar e o ridículo quando se generaliza passa a ser normal, bahhh detesto a banalidade… por isso amei incondicionalmente um dos poucos seres vivos mais desejados e incompreendidos de sempre, alguém que é capaz de amar uma só vez e de fazer do silêncio a sua maior magia e sofrimento!

"Os desconfiados desafiam a traição" Voltaire

Eu? Tenho veneno na ponta da língua, mordo discretamente e provoco uma morte dolorosa…
Sou professora, sou menina, sou mulher…
Sou escuridão, sou busca de um bem maior, sou prazer e sou dor, sou ambiguidade descontínua de uma história sem começo nem fim.
Sou personagem de um conto de fadas, sou aquilo que querias destruir, sou um modelo do que querias construir, um furacão incumbido de uma tarefa quase impossível.
Não, não falo de arrependimentos nem desejos por saciar, muito menos de palavras gastas ou textos mal concebidos, afinal como diz Fernando Pessoa "tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"
Realmente é impossível alguém lidar com a burrice alheia e por isso é tão difícil eu lidar com quem se julga mais do que eusim, somos todos uma cambada de estúpidos que aqui andamos é verdade!
Sim, tudo a brincar às vidas autênticas, mesmo quando não sonham o que seja isso…não faz mal...é brincar ao faz de conta!

“Só nos apaixonamos quando não sabemos por quem nos estamos a apaixonar. A convulsão inicial baseia-se necessariamente na ignorância.”
Alain de Botton (Ensaios de Amor)
“A história só é tolerável para personalidades fortes, ela sufoca as personalidades fracas.”
Friedrich Nietzsche

6 comentários:

Gavancha disse...

"Sou..."
Sem dúvida um texto que gostei muito de ler, um texto verdadeiro de uma pessoa verdadeira. Como já t disse várias vezes escreves mt bem, e quando vem do fundo do ser, sai sempre algo esplêndido.
Bjs

Anónimo disse...

Lindo, sem palavras....:P
publica um artigo sobre o Ser Humano ! LOL =D

Anónimo disse...

Cmo disse, acho que descreves o mero Ser Humano em muitas linhas e vejo-me nalgumas delas... e tu, transpareces aquela autenticidade que referes...publica o artigo :D lol

Muaaaah Prima*

Sarinha

Anónimo disse...

Bem Andreia..esse texto esta profundo e autentico...em tantas linhas me identifikei c esse ser humano! Genial...! Parabéns, beijinho da pima!

Tania

Anónimo disse...

És simplesmente minha irmã, alguém em quem tenho o maior orgulho do mundo...
E isso nem a nossa maior discussão pode algum dia tapar...
Pois sim, bem... É um facto, amo te muito mana!

Anónimo disse...

Minha linda, não te reconheço...
tanto fel, tanto azedume... deixa que todo esse veneno destile em calda de açucar, não para camuflar sentimentos, mas.... a vida são dois dias e nós só cá estamos de passagem, temos que dar às pessoas (ou situações)o valor que achármos que elas tem, não o que nos querem fazer parecer. Todo o ser humano tem defeitos e as virtudes são em todos diferentes, daí vem a diferença das outras espécies animais. Somos faliveis, traimos, amamos, choramos, rimos, gritamos, calamos, toleramos, compreendemos, ignoramos, louvamos, denigrimos, acarinhamos, repudiamos.... e "nós" somos capazes de fazer tudo isto num só dia.
SOMOS MULHERES (UM SER MUITO ESPECIAL E ÚNICO DA RAÇA HUMANA)
Bjs