quarta-feira, 13 de abril de 2011

O beijo


O beijo deveria ser como que uma portagem, passar pela porta de casa seria proibido sem antes dar um beijo na mãe, no pai, no irmão, no filho, no marido e, a quem gostamos, até no cão ou no gato!

O beijo deveria ser como as bolinhas de sabão. Num sopro, poderíamos mandar alguns pelos ares, que explodiriam na pele de quem neles encostassem. E de repente, sem saber de onde veio, seríamos presenteados com um beijinho perdido pelas ruas da cidade...

O beijo deveria ser um elemento químico. Constar na tabela periódica, juntamente com todos aqueles símbolos “chatos” que se tem que decorar para Química. Assim , certamente seria mais interessante…

O beijo deveria caber num envelope, mesmo que fosse naqueles maiores, mas que pudéssemos enviá-lo pelo correio, para aquela pessoa que está tão longe e que daria qualquer coisa para sentir o nosso beijo.

O beijo deveria acender luzes pelo nosso corpo. E quando a energia eléctrica entrasse em nós, bastaria que demonstrássemos o nosso amor pelas pessoas de quem gostamos e qualquer escuridão terminaria...

O beijo deveria estar disponível nas montras das melhores pastelarias. Poderiam até ter um preço especial, mas que todos pudessem pagar por ele até aqueles que aparentemente menos os merecessem, porque os beijos são realmente transformadores e certamente provocariam reacções sensacionais.

Mas o beijo não é assim… É particular e nós escolhemos a quem e em quem queremos dar. Porque o beijo é um presente que precisa de vontade para ser oferecido. E talvez seja melhor que assim aconteça: não tão anónimo, não tão sem motivo, nunca forçado, ainda que possa ser pedido…

“... um beijo pode valer mais que a lucidez de uma vida inteira..."

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